terça-feira, 30 de setembro de 2014

2 colheres de felicidade - epílogo

O final feliz da história de Ana e Bia poderia terminar assim. Mas, como dizia o bilhetinho do biscoito de Ana, “coisas boas acontecem quando menos se espera”...

Um dia, pouco tempo depois da festa no orfanato, o senhor Isac, pai de Miguel, apareceu na doceria. Ele tinha propostas de negócios para fazer. Ana ouviu, mas agradeceu e recusou a oferta para vender os biscoitos da felicidade na rede de supermercados de Isac.

- Sinto muito, senhor Isac, mas eu não poderia fazer isso. Primeiramente porque a ideia não foi minha, muita gente se empenhou para tornar tudo isso realidade. E segundo, porque a ideia por trás dos biscoitos é a de deixar a vida das pessoas um pouquinho mais feliz e eu não vejo como isso seria possível se eles se tornassem um produto industrializado. Acho que o carinho com que a gente faz os biscoitos faz toda a diferença.
- Entendo, senhora Ana. No entanto, eu vi o sucesso que eles fizeram e finalmente descobri que foram a senhora e sua filha quem fizeram a festa de aniversário surpresa para o meu filho. Não se preocupe, não contei nada a ele. Mas ainda assim eu acho que tenho uma certa obrigação em ajudá-la. Pensei que vender os biscoitos na minha rede seria uma boa ideia, mas pelo visto me enganei novamente. Então, o que posso fazer por vocês?
- O senhor não precisa fazer absolutamente nada, senhor Isac! Nós ficamos muito felizes por termos conseguido ajudar o Miguel a se entender com o senhor outra vez.
- Sim, eu passo tanto tempo cuidando dos negócios que às vezes acabo negligenciando meu papel de pai. Neste ponto, devo dizer que a admiro muito, senhora Ana! A senhora parece estar fazendo um ótimo trabalho, tanto como empresária quanto como mãe!
- Empresária? Puxa, eu realmente nunca me vi assim. Era o Roberto quem cuidava da parte administrativa da doceria, eu mal sei o que estou fazendo!
- A senhora está com dificuldades com a burocracia, senhora Ana? Alguma coisa em que eu poderia ajudar? Talvez um empréstimo?
- Não, bom, não exatamente. É uma longa história...

Ana então contou a Isac sobre o inventário de Roberto e sobre as contas bloqueadas e sua preocupação com o 13º dos funcionários.

- Mas acho, acredito, que vai dar tudo certo. Já dei entrada para receber o seguro e a pensão, se tudo sair conforme o planejado, devo receber a tempo de pagar os funcionários.
- Senhora Ana, desculpe a indiscrição, mas acho que você não deveria misturar suas finanças pessoais com as finanças da empresa. Será que a venda dos novos biscoitos não seria o suficiente para pagar o 13º?
- Não tenho certeza, faz só algumas semanas que eles foram lançados e...
- Posso dar uma olhada no seu livro-caixa?

E assim Isac se tornou o mentor administrativo da doceria. Ele não cobrou nada pela ajuda, mas, com seus conselhos, Ana logo aprendeu a lidar com toda a papelada, sem a velha insegurança. O seguro e a pensão realmente saíram quando se esperava, mas Ana não precisou deles para pagar os funcionários. A doceria tinha chegado ao ápice bem mais cedo do que Ana e Roberto jamais poderiam ter sonhado. Logo o site começou a receber encomendas para bolos de aniversário e de casamento. Ana teve que contratar mais funcionários, mas agora isso não a apavorava tanto quanto antes. Gabi se formou com louvor e também foi chamada para fazer a reformulação visual da loja e de todas as embalagens. Ela e Pedro começaram a namorar e cuidam juntos do site e das redes sociais da doceria. Ana também promoveu Pedro ao cargo de gerente. Dona Rute finalmente fez as pazes com o filho. Este se separou da ex e agora namora a dona de uma livraria, onde Bia sempre compra livros novos. Os bilhetinhos dos biscoitos da felicidade nunca erram.

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”
Mahatma Gandhi

Nenhum comentário:

Postar um comentário