quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Diário insano - final alternativo

Um dia qualquer
Roberto sobreviveu à cirurgia, mas perdeu uma parte de sua memória. Quando acordou e me viu no hospital, nem mesmo me reconheceu. Talvez tenha sido melhor assim. Ele pensou que eu o tinha deixado por achar que seria mais feliz sem ele, mas agora percebo que era o contrário. Ele certamente ficará melhor sem lembranças da dor que causei a ele, mesmo que isso custe todos os bons momentos que também tivemos. Desde que ele acordou, tenho me perguntado se Deus me ouviu ou ignorou minha prece. Para ser bem sincera, tenho tido dúvidas se Ele realmente existe ou se é só um anestésico para nos livrar da culpa que sentimos por termos pena de nós mesmo.

Pedi demissão do hospital, devolvi a chave de casa e deixei Lupy na casa do Ronaldo por uns tempos. Larguei a terapia. Cheguei à conclusão de que sou a única pessoa capaz de me ajudar. Para merecer a felicidade, tenho que primeiro aprender a gostar de mim. Preciso de respostas e sei que só posso encontrá-las no lugar de onde fugi toda a minha vida: em mim mesma.

Aluguei um carro e estou dirigindo sem rumo. Mas dessa vez não estou fugindo. Estou apreciando a paisagem. Não sei aonde esta estrada vai me levar, mas pelo menos dessa vez sou eu quem está guiando minha vida, não meu passado, não meus medos, mas minha coragem de mudar. Pode ser que o fim da estrada seja um abismo, pode ser que seja uma bela praia, mas seja o que for, eu sei o que estará me aguardando lá.

Diário insano

Segunda-feira.
Chego em casa depois de um dia cansativo. Esse silêncio, essa solidão, ao mesmo tempo me acalmam e me angustiam. Me jogo no sofá e penso em como minha vida está se passando sem mim. Hoje, no hospital, operei um homem envolvido em um assalto à mão armada. É revoltante saber que, por juramento, sou obrigada a salvar a vida de pessoas que não merecem viver. Pior ainda é saber que pessoas inocentes são feridas por gente covarde, que não pensa duas vezes em usar a força bruta para conseguir o que quer. Me pergunto por que ainda existem pessoas que aceitam isso como algo que não se pode mudar. Olho o retrato na parede. Minha mãe. Me lembro como se fosse hoje: ela sendo espancada por meu pai alcoólatra e chorando para que eu saísse dali para não correr o risco de apanhar também. Minha vontade era fazer alguma coisa para ajudá-la, mas o que uma criança de 6 anos podia fazer contra um covarde com o dobro do tamanho dela? Nunca entendi porque minha mãe demorou tanto para deixá-lo. Não sei dizer se era por medo, por falta de amor próprio, ou porque talvez ela imaginasse que sem ele as coisas seriam ainda piores para nós duas. Uma mulher e uma criança abandonadas à própria sorte, sem casa, sem comida, sem nada. Ás vezes me pergunto se ela o aguentou por tanto tempo, sacrificando a própria felicidade, por mim, para me proteger. Outras vezes penso que qualquer outra atitude mais corajosa, por mais difícil que fosse, talvez pudesse ter tornado tudo completamente diferente, talvez até menos doloroso.

Terça-feira
Dia de terapia. Já faz algum tempo que percebi que precisava de ajuda profissional. Essa angústia sufocante não pode ser apenas stress por causa do trabalho. Tenho pensando bastante sobre o sentido da vida, sobre a morte, sobre relações humanas completamente desgastadas. Minha terapeuta acredita que quando estamos próximos da morte sempre pensamos em coisas como Deus, família e arrependimentos. Não tenho certeza de que uma pessoa possa mesmo pensar em tudo isso em tão pouco tempo. Ainda mais porque esses são assuntos sobre os quais eu penso todos os dias de minha vida e que nunca consegui entender completamente. Vejo a morte de perto todos os dias em meu trabalho. Sinto que para alguns ela é terrivelmente dolorosa, mas para outros ela é um grande alívio. Se pudesse escolher, gostaria que para mim ela fosse calorosa, com aquela sensação de dever cumprido que não tenho conseguido encontrar ultimamente.

Quarta-feira
Quando eu era pequena, minha mãe costumava me levar à igreja para conversar com os anjos. Isso foi muito antes de meu pai se tornar um alcoólatra. Naquela época eu ainda acreditava que o mundo era um lugar perfeito e que todas as pessoas eram felizes. Deus era um homem bom e cuidava com carinho de todos os seus filhos.

Hoje, voltando do hospital, vi o pastor da igreja que eu costuma frequentar cercado de prostitutas. E não, ele não estava abençoando nenhuma delas, nem ouvindo suas confissões. Para ser sincera, creio até mesmo que ele estava, na verdade, ajudando-as a cometer ainda mais pecados.

Cada dia que se passa, tenho mais convicção de que o inferno é aqui.

Quinta-feira
Outro dia daqueles. Tentei conseguir um empréstimo no banco para abrir minha própria clínica. O gerente me disse que não podia aprovar meu crédito, pois só pode fazer esse tipo de transação com clientes com conta há mais de 10 anos. Creio que vou ter que esperar mais 3 longos anos para conseguir sair daquele hospital público deprimente e conseguir trabalhar com algo que me dê algum prazer emocional. Me pergunto se minha sanidade aguentará tanto tempo.

Sexta-feira
Finalmente meu dia de folga. Me permito acordar mais tarde, tomar um banho demorado e brincar um pouco com o Lupy. Acho que ele sente minha falta quando estou de plantão, mas ainda assim é o melhor companheiro que se pode ter. Parece ser o único que fica realmente feliz em me ver, não importa o estado lamentável em que eu me encontre. Por que os homens não podem aprender com os animais? O mundo seria tão menos complicado...

Ligo a TV. Político investigado por fraude. Terremoto deixa milhares de pessoas desabrigadas. Homem-bomba mata 15 pessoas. Policial esfaqueia mulher por ciúmes.

Desligo a TV. É meu dia de folga, não quero passar meu tempo livre pensando em desgraças. Acho que vou ao orfanato visitar as criancinhas. Queria poder adotar uma, mas com essa vida corrida acho que não seria justo com ela ter uma mãe que passa mais tempo no trabalho do que com ela. De qualquer forma, vou lá levar e receber um pouco de carinho. Quem sabe esse pouco que tenho a oferecer seja justamente a diferença que vai tornar essas crianças pessoas mais capazes de acreditar na felicidade.

À noite, recebo uma ligação. É o Ronaldo, um dos poucos amigos de verdade que tenho. Ele diz que ando ausente, que está com saudades e que quer conversar. Saímos para dar uma volta, mas a verdade é que não ando muito inspirada para conversas banais. Ele percebe isso, se cala e me abraça. Me olha com aquela cara de "qual é o problema?" e eu nem sequer consigo olhar de volta. Devo estar realmente muito mal. Ele é meu melhor amigo e mesmo ao lado dele me sinto só.

Sábado
Dia tranquilo no hospital. Definitivamente muito fora do normal para um fim-de-semana, mas é claro que não estou reclamando disso. Aproveito para fazer algumas pesquisas na internet. Assim que cheguei aqui, fiquei sabendo do caso de uma menina que se suicidou por causa de uma briga com o namorado. Esse é um assunto que me intriga bastante: amores e suicídios. Um poema na internet indaga se o suicido não é uma forma corajosa de se chegar mais rápido a um lugar melhor. Me pergunto se esse escritor também estava decepcionado com o mundo ao seu redor. Me sinto tão só, mas alguma coisa dentro de mim me impede de procurar relacionamentos mais sérios. Não que eu não queira um amor de verdade, tenho certeza de que quero, mas me tem sido tão difícil acreditar nas pessoas. Toda vez que algum dos meus namoros começa a ficar mais sério eu entro em pânico e termino o relacionamento. Fico pensando em meus pais. Em quanto eles eram (ou pareciam) felizes antes daquele maldito acidente mudar tudo. Meu pai perdeu o movimento da mão direita no acidente de carro. Perdeu muito mais que isso. Perdeu seu emprego, sua dignidade, seu amor-próprio. Arruinou a vida da minha mãe e quase acabou com a minha. E tudo por causa de um maldito adolescente drogado dirigindo na contramão! Pensei que me tornando médica eu seria capaz de ajudar pessoas como meu pai a recuperar seus movimentos e sua autoestima, mas ao invés disso estou aqui nesse hospital maldito cuidando justamente de drogados, bandidos e todo esse tipo de gente que merecia morrer. Tenho medo de me decepcionar com as pessoas como me decepcionei com meu pai. Tenho medo de não ter coragem de mudar, como minha mãe não teve. Quero mais do que esse mundo tão pequeno em que vivo agora.

Domingo
Surtei. Sim, entrei em pânico total quando vi Roberto ali sangrando na maca do hospital. Meu último namorado. O melhor de todos. O mais carinhoso, o mais compreensível, o melhor companheiro que se pode ter. Mas é claro que eu tinha que ir lá e estragar tudo. O ouvi conversando baixinho com uma amiga, dizendo que estava pensando em me pedir em casamento. É claro que gelei de medo e terminei tudo assim, sem mais nem menos, sem ao menos lhe dar uma explicação. Ele ainda foi bem paciente e tentou conversar comigo, me fazer mudar, voltar atrás, mas a simples ideia de me tornar emocionalmente dependente de alguém para o resto da minha vida me deixou completamente apavorada. Disse que podíamos ser amigos. Ele respondeu que me amava demais para ser apenas um amigo, mas que se eu tinha tomado essa decisão era porque no fundo eu provavelmente seria mais feliz sem ele. E foi assim, me desejando felicidade, que ele partiu, com lágrimas nos olhos, sem dizer mais nada. Nunca mais nos vimos. Isso foi há 3 meses.

Agora eu estava ali, diante dele novamente, com sua vida em minhas mãos, me perguntando que raios eu estava fazendo comigo mesma todo aquele tempo. O enfermeiro disse que Roberto tinha sofrido um acidente de moto quando voltava da Praia Rosa. A Praia Rosa. Nosso lugar especial. O lugar do nosso primeiro beijo. Tudo isso veio à tona de uma vez só em minha cabeça naquele momento. Minhas mãos tremiam. Eu precisava fazer uma operação de emergência extremamente complicada, mas não conseguia parar de chorar. Respirei fundo. Enxuguei as lágrimas. Rezei novamente pela primeira vez nos últimos 20 anos. Prometi a Deus que se Roberto saísse vivo daquela mesa de operação eu pararia de sentir pena de mim mesma e me permitiria ser feliz. Mesmo que isso fosse uma tarefa quase impossível. Mesmo que para isso eu precisasse aprender a confiar mais nas pessoas e a acreditar mais em mim mesma. Eu sabia que podia conseguir. Eu TINHA que conseguir.

.............

Terça-feira
Roberto finalmente acordou do coma induzido. Ele passa bem. Ainda não sabe que fui eu quem o operou, mas estou feliz em vê-lo bem.
Minha terapeuta ficou feliz com as decisões que tomei. Vou sair do hospital. Decidi que quero trabalhar com gente que mereça ser tratada. Liguei para o Ronaldo ontem à noite e ele ficou empolgadíssimo com a idéia de criarmos uma ONG para tratar de crianças em situação de risco. Não vou mais fazer terapia, mas vou continuar vendo minha terapeuta todos os dias: ela também vai trabalhar conosco. E por algum motivo que desconheço, até o gerente do banco resolveu colaborar: disse que o banco oferece crédito especial para programas sociais, como forma de criar empatia entre a empresa e a sociedade. Essa semana mesmo começaremos a trabalhar no projeto. Acho que nunca estive tão bem em toda minha vida. Parar de reclamar e fazer acontecer. Essa é a maneira de certa de ser feliz. Quando vamos em busca do que queremos, o universo inteiro conspira a nosso favor.

E se...

Estava um sol escaldante e os escravos construíam uma nova pirâmide para o faraó recém escolhido pelos deuses. Era um trabalho sufocante e muitos se perguntavam quando os bons deuses trariam a abençoada chuva outra vez.

O novo faraó havia exigido que as paredes de sua futura tumba fossem decoradas com todos os deuses para que ele tivesse todo o tipo de proteção no caminho para o outro mundo. Pinturas detalhadas e diversas esculturas foram colocadas nas câmaras principais da construção, onde apenas era possível chegar depois de passar por um intricado e traiçoeiro labirinto.

No palácio real, os sacerdotes estavam agitados: logo chegaria a época da Festa de Opet, realizada todos os anos para o rejuvenescimento do Faraó e dos deuses e comemorada, tradicionalmente, na época da cheia do Nilo. Esse ano, porém, as chuvas estavam demorando a chegar, o que era considerado por muitos como um mau presságio.

O faraó estava em seus aposentos, ouvindo o lamento de sua corte, sem se abalar com tempo lá fora. Ele era um deus, afinal, por que deveria se preocupar? Tinha pouco mais de 12 anos e um reino inteiro aos seus pés, mas estava visivelmente entediado. Ser um deus deveria ser divertido, mas passar seus dias ouvindo preces e reclamações não era bem a sua idéia de diversão. Levantou-se e caminhou até a janela sem dizer uma palavra, deixando todos de sua corte perplexos e sem saber o que fazer. "Tantos deuses a nosso dispor e nenhum que seja capaz de me livrar deste tédio... que desperdício!", pensou. Nesse mesmo instante, um raio cortou o céu ao longe e o barulho de seu trovão atravessou a sala logo depois. Os sacerdotes ajoelharam-se no mesmo instante para agradecer aos deuses pela chuva que viria, mas o faraó apenas olhou intrigado pela janela: havia algo de muito estranho acontecendo em suas terras.

Chamou o comandante de seu exército e ordenou que sua guarda de elite fosse até o local atingido pelo raio e avisou que ele próprio iria com eles. Houve um burburinho na sala e ninguém entendeu o que se passava. "Pode não ser nada além de minha imaginação, mas pelo menos me livrarei por alguns instantes desse bando de lamentadores!", pensou.

Ao chegarem próximo do local onde o suposto raio deveria ter caído, todos, incluindo o faraó, deixaram-se cair boquiabertos: não havia ali nenhuma árvore partida, nenhuma pedra chamuscada, nem sequer uma única grama queimada. Havia, sim, uma enorme esfera cintilante pairando no ar, circundada por raios azuis tremulantes.

O sacerdote do faraó, que o acompanhava em todas as suas saídas do palácio, começou imediatamente a fazer todas as preces de que se lembrava. O faraó, no entanto, apenas levantou-se e caminhou até aquela misteriosa aparição e esticou a mão para tocá-la, no que foi de pronto impedido pelo comandante de seu exército. Se alguém tivesse que arriscar a vida para descobrir o que era aquilo, a última pessoa a fazer isso deveria ser o faraó.

No mesmo instante em que o comandante tocou a esfera, todos ali reunidos tiveram o vislumbre de um outro mundo, completamente diferente do local e da época em que viviam. Era um mundo extremamente colorido, ricamente povoado, com pirâmides de todas as formas e pessoas de todos os tipos. A visão não durou mais do que poucos segundos, mas foi o suficiente para fascinar o faraó e congelar de medo todas as outras pessoas que o acompanhavam.

Assim que o transe passageiro terminou, a esfera de luz havia sumido e no lugar dela estava nada menos que um deus! Um deus-camundongo, nunca antes mencionado na história do Egito. Todos, exceto o faraó, ajoelharam-se diante do novo deus porque não sabiam ao certo que tipo de deus era aquele.

O deus-camundongo olhou sem jeito para o faraó e fez uma saudação estranha, balançando a mão direita de um lado para o outro, com a palma estendida para frente. O faraó, sem saber o que fazer, devolveu o cumprimento engraçado. O deus-camundongo sorriu e começou a falar na língua dos deuses, mas o faraó, ainda que fosse ele próprio um deus também, não compreendeu nada.

O sacerdote, percebendo que não havia perigo iminente, levantou-se e tentou conversar com o novo deus, mas também não compreendeu uma palavra sequer do que dizia o ilustre visitante. Frustrado, o novo deus começou então a fazer um ritual mágico com sua estranha coroa preta. Todos olharam perplexos quando o deus-camundongo começou a tirar as mais variadas coisas de dentro de sua coroa: pombas, cartas, lenços e até mesmo um estranho animal pequeno e peludo com orelhas compridas. Quanto mais o novo deus demonstrava o seu poder, mais medo causava no exército do faraó.

O deus-camundongo estendeu o pequeno animal para o faraó e, assim que este o aninhou em seus braços, o animal se transformou em minúsculos raios coloridos que dançaram em torno de seu corpo. Todos que acompanhavam o faraó deram um passo para trás, assustados, mas o faraó, ao invés disso, começou a sorrir como a criança que ainda era e seu sorriso se transformou em riso e logo o faraó estava gargalhando como nunca alguém o havia visto.

Nesse mesmo instante, começou a chover.

O sacertode abriu seus braços e, olhando para o céu, começou a agradecer aos deuses pela benção da água.

O comandante do exército considerou que aquele deus-camundongo deveria ser o deus da chuva e o reverenciou.

O faraó, porém, foi o único que de fato entendeu o que aquele deus estava fazendo ali: ele era o deus da diversão. De que adiantava todas as terras, todas as jóias, todo o poder de um deus se não houvesse um pouco de diversão para tornar a vida e o além-vida mais prazeroso? Diversão era, de fato, o único poder capaz de trazer o equilíbrio de um reino de volta.

O deus-camundongo entregou uma chave com o formato de suas orelhas redondas ao faraó, fez outra reverência engraçada dobrando seu corpo para frente, sorriu e desapareceu diante de todos, como se nunca houvesse estado ali.

Nos dias que se seguiram, a paz retornou ao Egito, o Nilo finalmente encheu-se e os preparativos para a Festa de Opet começaram. Todos no reino pareciam trabalhar com mais alegria e o faraó ficou satisfeito com isso.

Como todos no palácio pareciam ocupados demais para notar sua ausência, o faraó dirigiu-se só até o local onde estava sendo construída sua futura tumba. Falou com encarregado pela obra e, dizem, há até hoje no Egito uma pequena pirâmide escondida que possui tobogãs no lugar de corredores e pinturas de um deus-camundongo em suas paredes. Alguns acreditam que nela esteja sepultado um faraó feliz, outros dizem que o faraó-menino apenas desapareceu ao abrir uma porta com sua chave de orelhinhas e foi para um além-vida diferente, um lugar colorido e divertido onde uma criança podia ser, afinal, apenas uma criança.

Contudo, essa história perdeu-se no tempo e apenas poucos a conhecem. A verdade, meus caros, é que o espírito do faraó-menino vive até hoje, mas sua pirâmide não está mais onde se supõe que ela deveria estar. No momento em que o faraó finalmente encontrou uma fechadura adequada para sua pequena chave, a magia do deus-camundongo fez-se novamente presente e levou o faraó e sua pirâmide para um passeio no espaço-tempo. Para onde e quando, somente sua imaginação, caro leitor, pode lhe dizer.